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Crónica do Quotidiano

Ana Pinto

Crónica do Quotidiano

Ana Pinto

Obrigada a Todos!

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Nas últimas horas, a crónica «Estrelato» esteve na homepage do Sapo Blogs e foi uma das mais lidas.

Agradeço muito à fantástica equipa do Sapo Blogs.

Agradeço muito a todos os magníficos leitores e seguidores.

Espero que o vosso fim-de-semana esteja a ser tão incrível como o meu!

Muito obrigada a Todos!

 

Estrelato

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Ultimamente, tenho-me entretido a ver documentários e filmes sobre a vida de artistas famosos. Não porque tenha mais interesse na realidade do que na ficção, mas porque a primeira parece sempre mais absurda que a segunda. E tudo parece ainda mais fantástico quando vemos um documentário sobre a vida do David Bowie ou uma bio-pic do Elton John, por exemplo. Há algo de ternamente confrangedor nos primórdios um tanto ou quanto totós e até sem noção destas pessoas que nos preenchem o imaginário cultural.

Contudo, os seus percursos, com algumas variantes, acabam por se fundirem uns nos outros. Na sua maioria, estas estrelas desde cedo sabiam o que queriam fazer, pelo que descobrir como fazê-lo com sucesso foi só uma questão de tempo. Tendo em conta, claro está, o seu manifesto talento.

Inspiram-me e desinspiram-me em igual medida. Sinto um vazio, uma certeza fria e incómoda de que já vou tarde, porque tarde descobri a minha verdadeira identidade.

Há dúzias de exemplos, eu sei!, de gente que começou tarde – que floresceu para a sua vocação depois de já ter calcorreado muitos e diferentes caminhos nas suas vidas, ou até depois de ter passado anos no mesmo sítio presa numa frustrante insatisfação.

Mas quão tarde é tarde demais? (Eu sei que já escrevi sobre isso, mas acho que a catarse não ficou bem feita, porque sinto que não esgotei o tópico...aguentem...)

É preciso ser jovem para começar uma carreira de sucesso? Ou só é preciso talento – que pode começar a ser notado ou ser descoberto só mais tarde?

Ou será que é fundamental que o talento sempre lá tenha estado, ainda que nunca tenha sido identificado, e por isso passou sempre despercebido, nunca tendo sido realmente considerado como hipótese viável de carreira? Ou será que nada disto é relevante?

Qual é afinal o segredo para o sucesso? Qual é a chave-mestra para o estrelato?

Há quem o alcance por tentativa-erro irredutível e incansável. Há quem se limite apenas a ser descoberto. Há quem já tenha esse destino traçado nas veias do seu talento precoce. Há quem trabalhe intensivamente durante décadas e só o atinja quando se sentia já com vontade de desistir.

Seja como for, não podemos todos ser estrelas! Como saber quando parar de esperar por algo que já não há tempo natural suficiente para que aconteça?

Como saber tomar o pulso ao sonho? Como saber reconhecer a sua debilidade e deixá-lo cair?

Muitos de vocês que me lêem agora também escrevem (aqui ou algures), e, possivelmente, acalentam (como eu, confesso) o mesmo sonho: viver da escrita, ter a derradeira validação do talento confirmada na conta bancária!

Não é tanto, como o meu pomposo título indica, o conseguir ser famoso: na verdade, é mais conseguir auferir rendimento suficiente para sustentar o que é indispensável ao corpo tanto quanto o que é irrefutável à alma.

Mas sabemos, de antemão, que mesmo os escritores mais bem-sucedidos em Portugal, têm de fazer mais pela vidinha: daí os cursos de escrita criativa a rodos, aulas universitárias (para os que têm CV para tal), dúzias de artigos, crónicas e micro-contos, publicados regularmente na imprensa. E estes são os afortunados! Os abençoados – que vivem do rendimento exclusivo dos seus best-selllers, – são raros, como todos sabemos. Nem tenho bem a certeza se esta espécie é autóctone em Portugal...

Seremos todos raros? É certo que não. Mesmo que muitos haja com o potencial, poucos conseguem lá chegar. Chegarmos a afortunados seria já bem melhor que o tesouro da Sierra Madre...

Mas e se formos menos que isso? E se não tivermos sequer a hipótese real de o virmos a descobrir?

Não há uma resposta satisfatória – eu, pelo menos, não a tenho. Se alguém a tiver, por favor, avance e partilhe-a, seremos muitos, com certeza, os gratos interessados em conhecê-la!

A única indicação que me serve de guia é simplesmente não desistir. Não porque há esperança. Não porque o futuro é incognoscível e, virtualmente, tudo é possível, ainda que improvável.

Apenas porque escrever é um fim em si mesmo. Porque é a minha condição sine qua non de vida. Porque sem escrever, não sou. Porque sem escrever, não me interessa viver. E agora que comecei, não vou parar.

Por isso, a cada pessoa que me lê, seja onde for e o que for (consultem o meu [...tosse de falsa modéstia...] multifacetado perfil, sff), mesmo que não o manifeste, mesmo que até possa não concordar ou sequer gostar do que leu – a cada leitor eu estou grata.

Temo-nos uns aos outros, os que lemos e os que escrevemos, em diagramas de Venn mais do que sobrepostos, unidos. Aqui, eu creio que sou uma estrela. Porque há dúzias delas a luzir à minha volta.

 

Estrelato [Reel]

 

 

 

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